CIPA 2025: O Mercado Está Explodindo, Mas Não Para Quem Você Imagina.
Os números mais recentes confirmam o boom: +13% em mirrorless, queda de 26% em DSLR. O mercado está migrando para premium — e quem domina técnica vai surfar essa onda.
A cada poucos meses, a CIPA (Associação de Produtos de Câmera e Imagem) solta seus relatórios e a maioria dos fotógrafos apenas ignora. Afinal, o que números de shipping de câmeras têm a ver com a sua próxima sessão?
Têm tudo a ver.
Eles contam a história do mercado de forma fria e brutal. E a história que a CIPA está contando em setembro de 2025 é simultaneamente o melhor cenário para quem está preparado e o pior para quem ainda não acordou: as mirrorless estão explodindo enquanto as DSLRs agonizam em tempo real.
No domingo passado, na live da Obscura, eu mostrei exatamente isso. Enquanto discutíamos a diferença entre equipamento e domínio técnico, os dados da CIPA já estavam confirmando o óbvio: o mercado está passando por uma migração brutal. E você precisa entender o que isso significa para o seu trabalho.
A Morte do Espelho: Por Que a Câmera Mirrorless Venceu a Guerra da Fotografia Digital
A Queda do Pilar da Fotografia
O Boom das Mirrorless (E Por Que Isso É Sua Grande Chance)
Vamos direto aos números que importam.
Nos primeiros nove meses de 2025:
Mirrorless cresceu +13% em unidades comparado a 2024
Mirrorless cresceu +4% em valor total enviado
O mercado está projetando entre 6,75 e 7 milhões de câmeras ILC (câmeras de lentes intercambiáveis) para 2025
2025 está no caminho de ser o melhor ano desde 2019
Isso não é especulação. É matemática. O mercado de mirrorless está em franca expansão.
Mas tem um detalhe crucial: o crescimento em valor (+4%) é menor que o crescimento em unidades (+13%). O que isso significa?
Significa que o preço médio das mirrorless está caindo ligeiramente — não porque o equipamento está mais barato, mas porque mais pessoas estão entrando no mercado mirrorless por modelos de entrada e intermediários. A Canon, Sony, Nikon e Fujifilm finalmente conseguiram o que queriam: fazer a transição completa da base de consumidores para mirrorless.
E isso cria uma janela gigantesca para quem sabe iluminar, enquadrar e entregar resultado. Por quê?
Porque enquanto todo mundo está comprando corpo novo, a maioria ainda está usando a câmera como celular com lente maior. O equipamento melhorou. A técnica, não.
A Morte Lenta (Mas Inevitável) da DSLR
Agora vem a parte dolorida.
Se você ainda está segurando sua DSLR achando que “funciona do mesmo jeito”, os números vão te dar um tapa na cara:
Nos primeiros nove meses de 2025:
DSLRs caíram -26% em unidades
DSLRs caíram -31% em valor total enviado
Até setembro, foram enviadas apenas 521.740 DSLRs no mundo todo
Em 2024, no mesmo período: quase 700.000 unidades
Em 2023: 903.775 unidades
Vamos fazer a conta juntos?
A queda de 2023 para 2024 foi de cerca de 200 mil unidades. De 2024 para 2025, mais 180 mil. Se esse ritmo continuar, em 2026 o mercado vai enviar menos de 350 mil DSLRs nos primeiros nove meses.
E esses números são globais. Isso inclui Canon, Nikon, Pentax e todos os fabricantes juntos. Para efeito de comparação: a Sony sozinha vendeu mais de 1,5 milhão de mirrorless só em 2024.
A DSLR não está morrendo porque é ruim, mas porque o mercado decidiu que a mirrorless é melhor e não se importa com o que você acha disso.
E quando o mercado decide, não tem nostalgia que segure.
Na live de domingo, eu mostrei exatamente isso: fotógrafos que estão presos na discussão de nitidez, bokeh e “qual câmera comprar” enquanto o mercado já migrou. O equipamento que você usa importa menos do que você pensa. Mas o equipamento que o mercado está comprando define onde o dinheiro vai estar nos próximos 5 anos.
O Dado Mais Importante: A Relação Lente por Corpo
Tem um número na CIPA que pouquíssima gente presta atenção, mas que revela exatamente o tipo de fotógrafo que está dominando o mercado agora.
A razão de lentes vendidas por corpo caiu de 1,58 (2024) para 1,51 (2025).
O que isso significa?
Significa que, em média, cada corpo vendido está acompanhado de apenas 1,5 lentes — e esse número está caindo. Por quê?
Porque o mercado está se profissionalizando. As pessoas não estão mais comprando “kit + tele + fixa + macro + ultra wide”. Elas estão comprando o corpo certo e a lente certa para o trabalho que precisam fazer.
Aqui estão as três razões principais para essa mudança:
1. O Profissional Decidido
Quem está comprando mirrorless hoje não é mais o hobbysta que quer “ter todas as lentes”. É o fotógrafo que sabe exatamente o que precisa: um 24-70mm f/2.8, ou uma 50mm f/1.2, ou uma 85mm f/1.4. Uma lente. Cara. Precisa.
2. O Fim do Acúmulo Defensivo
Por anos, fotógrafos compravam lentes “por via das dúvidas”. Hoje, com mirrorless, adaptadores e uma compreensão melhor do mercado, as pessoas estão comprando menos e melhor. Isso é bom para o fotógrafo (menos gasto inútil) e ótimo para o fabricante (margem maior em lentes premium).
3. A Maturidade do Mercado
Mirrorless não é mais novidade. Quem está comprando agora já tem lentes de DSLRs antigas (que funcionam com adaptador) ou já entende que não precisa de 8 lentes para trabalhar bem.
Essa queda de 1,58 para 1,51 não é um problema. É um sintoma de que o mercado está crescendo em maturidade, não em volume cego, e isso é excelente para quem domina a técnica.
Compact Cameras: A Surpresa Silenciosa
Tem um dado que ninguém está falando, mas que é fascinante: câmeras compactas (de lente fixa) cresceram +22% em unidades e +47% em valor.
Isso mesmo. Enquanto DSLR desaba, as compactas estão voltando com força — especialmente modelos premium como a Fujifilm X100VI, a Ricoh GR III, e as compactas full-frame da Sony. Por que isso importa?
Porque mostra que o mercado quer ferramentas especializadas, não “faz-tudo” genérico. O fotógrafo que sabe trabalhar com limitações e entregar resultado está sendo recompensado. O fotógrafo que depende de trocar lente para “resolver” a cena está ficando para trás.
Encontrar a exposição correta do seu flash/tocha e conhecer não só a posição, como toda a variação, de qualquer luz é um diferencial estratégico em um mudo de chutes e estimativas.
Nessas duas aulas eu revelo como expor seu flash corretamente, como pensar a iluminação, como a fonte luminosa se movimenta pelo estúdio e como os modificadores funcionam, além de como a luz influencia na direção!
Full-Frame vs. APS-C: O Que os Dados Revelam
A CIPA também rastreia o tamanho do sensor. Em setembro de 2025:
234.257 câmeras tinham sensor full-frame ou maior
396.472 câmeras tinham sensor APS-C ou menor
Ou seja: 63% do mercado ainda é APS-C ou menor.
Mas aqui está o detalhe crucial:
Lentes para sensores menores que 35mm cresceram +9% em unidades e +18% em valor.
Lentes para 35mm e maiores caíram -5% em unidades e -7% em valor.
O que isso significa? Que a guerra “full-frame vs. APS-C” é uma guerra de ego, não de mercado. O mercado está mostrando que tamanho de sensor não define sucesso comercial. O que define é o fotógrafo saber usar a ferramenta que tem.
Na live de domingo, eu falei exatamente sobre isso: fotógrafos obcecados com equipamento estão perdendo dinheiro para fotógrafos obcecados com luz, composição e entrega.
O Mercado Está Crescendo. Mas Não Para Todo Mundo.
Aqui está a parte que pode doer: o mercado está saudável, mas ele está migrando. Se você ainda está:
Discutindo se DSLR é “tão boa quanto” mirrorless
Acumulando lentes “por via das dúvidas”
Focando em equipamento em vez de domínio técnico
Achando que “o cliente não nota a diferença”
...você está sendo deixado para trás enquanto o mercado acelera.
Os dados da CIPA mostram um mercado em crescimento, mas esse crescimento está concentrado em quem entendeu a migração:
✅ Mirrorless subindo
✅ Menos lentes por corpo (compra estratégica)
✅ Compactas premium em alta
✅ APS-C ainda dominando em volume
O mercado não quer mais o fotógrafo que “tem todas as lentes”. Ele quer o fotógrafo que domina a luz, sabe enquadrar e entrega resultado — independentemente do equipamento.
Sua Oportunidade: Surfar a Onda ou Ser Engolido Por Ela
2025 está sendo o melhor ano desde 2019. O mercado de fotografia está crescendo, não morrendo. Mas esse crescimento está concentrado em mirrorless, em compra estratégica de lentes premium, e em fotógrafos que sabem o que estão fazendo.
A pergunta não é mais: “Qual câmera eu devo comprar?”. A pergunta é: “Eu sei iluminar bem o suficiente para justificar o preço que eu cobro?”
Porque o mercado está migrando para equipamento mais caro, sim. Mas ele está migrando ainda mais rápido para fotógrafos que sabem usar esse equipamento de forma que o cliente perceba o valor.
Na live de segunda ( em breve em um post aqui, ficou excelente), eu mostrei como fotógrafos estão presos na discussão técnica errada: nitidez, bokeh, megapixels. Enquanto isso, o mercado está pagando para quem sabe iluminar, enquadrar e entregar.
O Altas Luzes Densas Sombras e as aulas da Obscura sobre iluminação não são sobre potência de flash (que, como vimos, não é o que define a luz). É sobre te dar o conhecimento para operar nesse mercado de alto valor que a CIPA está mostrando.
O funil está se estreitando. Não no sentido de “menos oportunidades”, mas no sentido de “menos espaço para quem não domina a técnica”.
O boom da mirrorless é a sua maior chance, mas só se você souber aproveitar.
Fontes:
PetaPixel: After Big Summer Slump, Photo Industry Remains On Pace for Best Year Since 2019
Dados oficiais da CIPA (Camera & Imaging Products Association)










E S P E T A C U L A R ! ! !
parabéns Renatão...