Este filósofo previu o Twitter em 1929 (e você está provando ele certo agora)
Como Ortega y Gasset diagnosticou a morte do pensamento crítico 95 anos antes de você scrollar sem pensar
Imagina abrir um livro de 1929 e ler isto: “O homem vulgar resolveu governar o mundo”. Essa frase, de um indivíduo que se fecha a qualquer instância exterior, não ouve e não põe em causa suas próprias opiniões, soa familiar? Deveria. José Ortega y Gasset estava descrevendo você. Estava descrevendo eu. Estava descrevendo o colapso do pensamento que vivemos hoje.
A Rebelião das Massas não é um livro sobre política. É uma autópsia do século XXI escrita quase 100 anos antes. E o diagnóstico é brutal: nós criamos uma civilização onde todo mundo tem opinião, mas ninguém tem conhecimento. Onde todos falam, mas poucos escutam. Onde a sensação de estar certo substituiu o esforço de pensar.
O homem-massa: o retrato robô do usuário médio de internet
Ortega y Gasset cunhou o termo “homem-massa” para descrever um tipo psicológico perigoso: aquele que acha que a vida é fácil, que tem direito a tudo, e que suas opiniões valem tanto quanto as de qualquer um. Não é uma questão de classe social - é uma mentalidade.
O homem-massa, segundo o filósofo espanhol, não reconhece os valores do passado e o esforço que gerações anteriores fizeram para construir a civilização que ele simplesmente consome. Ele não se questiona, não estuda, não se aprofunda.
Simplesmente opina.
Som familiar? É o comentarista de YouTube que acha que 15 minutos de vídeo valem mais que anos de pesquisa acadêmica. É o influencer que desqualifica especialistas porque “estudar é coisa de elite”. É você mesmo quando compartilha aquele post sem checar a fonte porque “parece fazer sentido”.
No vídeo abaixo, Tatiana Feltrin faz uma análise demolidora não só do livro, mas do pensamento que o forjou, sem dúvida alguma, Gasset seria um excelente fotógrafo:
A profecia que se cumpriu: quando todos mandam, ninguém conduz
Em 1929, Ortega estava vendo o nascimento dos totalitarismos na Europa. Mussolini, Hitler, Stalin - todos surfando na onda do homem-massa que, liberto das elites tradicionais, não sabia exatamente para onde ir. O vazio do pensamento crítico foi preenchido por líderes que prometiam soluções simples para problemas complexos.
Hoje, o cenário mudou, mas a essência permanece. O homem-massa agora tem um megafone chamado internet. Ele tem algoritmos que reforçam suas certezas. Tem bolhas que protegem suas opiniões de qualquer contestação.
E o pior: ele acha que isso é democracia.
O imediatismo como assassino do pensamento
Aqui está o ponto crucial que Ortega previu e que estamos vivendo em escala industrial: quando você não precisa mais se esforçar para ter uma opinião, quando tudo é instantâneo, quando não há tempo para reflexão - você para de pensar de verdade.
O homem-massa moderno não lê livros, lê threads. Não assiste documentários, vê reels. Não reflete sobre argumentos, reage a manchetes. Ortega chamaria isso de contentamento consigo próprio que leva a fechar-se a qualquer instância exterior.
É o mesmo mecanismo: achar que já sabe o suficiente, que não precisa dos outros, que sua intuição vale mais que conhecimento acumulado.
Por que isso importa AGORA
Vivemos a era do especialista desacreditado. Do cientista ridicularizado. Do intelectual visto como “elitista”. Ortega previu isso. Ele viu que quando a massa se rebela contra toda forma de excelência, contra todo esforço de pensamento profundo, a civilização entra em colapso.
Não é exagero. É exatamente o que ele descreveu: uma sociedade onde todos se acham igualmente qualificados para opinar sobre tudo, onde a mediocridade se torna a norma, onde o esforço intelectual é visto como traição à “autenticidade”.
O resultado? Vivemos numa época onde é mais fácil viralizar uma mentira do que ensinar uma verdade. Onde 280 caracteres valem mais que 300 páginas de argumentação. Onde a complexidade é inimiga porque exige esforço.
Onde a sensibilidade do ignorante vale mais que a clareza do sábio
A saída existe?
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Ortega não era pessimista, era realista. Ele acreditava que a solução estava na educação, na formação de indivíduos capazes de pensar por si mesmos - mas pensar de verdade, com rigor, com método, com humildade intelectual.
A questão é: você está disposto a fazer esse esforço? Ou vai continuar scrolling, confirmando a profecia de um espanhol que morreu há 70 anos mas te conhece melhor do que você mesmo?
A Rebelião das Massas não é confortável de ler. É um soco no estômago. É um espelho que você não quer encarar. Mas é exatamente por isso que você precisa ler.
Porque enquanto você acha que está “se informando” no feed, Ortega está rindo do túmulo dizendo: “Eu avisei.”
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Tá na dúvida ainda, homem-massa?





