Evandro Teixeira: O Olhar que Imortalizou a História do Brasil
Luto no fotojornalismo brasileiro: Morre Evandro Teixeira, mestre da lente
O mundo da fotografia amanheceu mais vazio com a partida de Evandro Teixeira, um dos mais icônicos fotojornalistas brasileiros, cuja lente incansável capturou a essência da sociedade e dos grandes eventos que moldaram o país.
Teixeira, nascido em 1935 em Irajuba, Bahia, iniciou sua trajetória no fotojornalismo no final dos anos 1950, e rapidamente conquistou um espaço de destaque em uma profissão onde a agilidade e o olhar apurado fazem toda a diferença.
Com uma sensibilidade ímpar, ele soube transformar momentos cotidianos e fatos históricos em verdadeiras obras de arte, revelando a complexidade da sociedade brasileira em toda a sua riqueza e diversidade.
Uma Vida Dedicada à Verdade Visual
Evandro Teixeira era mais do que um fotógrafo, era um verdadeiro contador de histórias. Suas imagens, além de belas, são carregadas de significado e nos convidam a refletir sobre a sociedade em que vivemos.
Seus trabalhos sobre a ditadura militar, a fome e a pobreza no país, assim como sobre o carnaval e as festas populares, são exemplos de como a fotografia pode ser uma ferramenta poderosa para a denúncia e a conscientização.
A carreira de Evandro foi marcada por sua longa associação com o Jornal do Brasil, onde trabalhou por mais de quatro décadas. Sua presença constante nos momentos críticos da história brasileira — das manifestações políticas às festas populares — tornou-o um nome respeitado e admirado.
O registro da passeata dos cem mil em 1968, por exemplo, não só eternizou um marco de resistência política, mas mostrou ao mundo o poder da imagem em dar voz a um povo que clamava por mudanças. Suas fotografias da ditadura militar e do cotidiano do Brasil ecoam como testemunhos eternos da luta por liberdade e justiça.
Características da Obra









As fotos de Evandro Teixeira carregam uma estética que transcende o documentário. Ele combinava um senso de composição e timing inigualável com a sensibilidade necessária para captar a alma das situações. Suas imagens são marcadas pelo preto e branco granulado, pelo contraste dramático e pelo movimento, que juntos criam um impacto visual e emocional profundo. A sua capacidade de encontrar beleza e significado em cenas muitas vezes caóticas era uma marca de sua mestria.
Reconhecimento e Legado
Ao longo de sua vida, Teixeira recebeu prêmios nacionais e internacionais que consagraram sua contribuição ao fotojornalismo. Suas obras foram exibidas em galerias prestigiadas, como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o International Center of Photography, em Nova York. Além disso, é autor de livros como Canudos 100 Anos, que revisita o histórico episódio sob uma ótica única, e O Livro dos Anos de Chumbo, sobre a ditadura militar.
Evandro Teixeira não apenas fotografou, mas criou um legado que inspirou gerações de fotógrafos e jornalistas. Seu trabalho permanece um lembrete poderoso do papel fundamental que o fotojornalismo desempenha em documentar e refletir o zeitgeist de uma época.
Com sua partida, deixamos de ter um gigante em nossa convivência, mas suas imagens continuarão a nos provocar, emocionar e ensinar.
Que a memória de Evandro Teixeira, esse mestre da luz e da verdade, continue a guiar e inspirar todos nós que acreditamos na força transformadora da fotografia.



Descanse em paz, mestre!